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Arquitetas e urbanistas gaúchas são destaque em concurso do CAU Brasil

Camila Bellaver e Mariana Mincarone receberam quatro premiações no concurso CAU Educa.

O Concurso CAU Educa foi desenvolvido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) com a ideia de selecionar as melhores propostas de ações de valorização da Arquitetura e do Urbanismo focadas nos anos iniciais de formação do cidadão para se tornarem referência em educação sobre o tema nas escolas de todo o país.

Entre as 21 propostas premiadas, quatros foram de autoria das arquitetas e urbanistas Camila Bellaver e Mariana Mincarone, sendo três delas de “Práticas Pedagógicas de Educação Urbanística” e uma de “Ações de Arquiteto e Urbanista na Escola”. Elas são sócias-fundadoras do escritório Versa Urbanismo, Paisagismo e Arquitetura, sediado em Porto Alegre. 

 

Práticas Pedagógicas

Mariana conta que, para elaborar os projetos, ela e Camila se reuniram com uma amiga educadora e, inspiradas pelos conceitos propostos no edital, pensaram em como a Arquitetura e o Urbanismo estão presentes no cotidiano das crianças. “Uma das primeiras coisas que a gente pensou foi no espaço doméstico e nos trajetos casa-escola, que podem ser feitos de carro, a pé ou de transporte público”, explica.

Nesse sentido, Mariana e Camila se dividiram para aprofundar melhor nos temas escolhidos. Como propostas de práticas pedagógicas Mariana elaborou o “Projeto minha casa, minha escola” e o “Meu caminho na cidade”. Já Camila foi a responsável pelo projeto “Patrimônio Cultural”.

 

PROJETO MINHA CASA, MINHA ESCOLA

Para esse projeto, Mariana diz que a ideia era trazer o questionamento do que torna um ambiente agradável e, através das percepções das crianças, trabalhar esses conceitos de arquitetura. “Quando a gente está na escola, sempre tem um cantinho do pátio que é mais fresquinho no verão ou pega sol no inverno e é legal de ficar. Então isso ajuda as crianças a começar a entender como a arquitetura do espaço, as aberturas, a ventilação, os materiais… como isso tudo influencia a percepção de bem-estar no ambiente”, conta.

Além disso, a proposta também propõe fazer intervenções nos espaços. “A gente pensou em trabalhar com sugestões de pequenas melhorias feitas pelas crianças, como mudar um banco de lugar, por exemplo”, explica Mariana. Ainda, o projeto prevê o pensamento tanto no espaço privado quanto no espaço público: “uma coisa que eu gosto, especialmente nesse projeto, é esse binômio ‘espaço-privado e espaço-coletivo’. Isso faz com que as crianças tenham que pensar sobre o ambiente em que convivem e pensar numa solução conjunta, e isso é um bom exercício de cidadania.”

 

 

MEU CAMINHO NA CIDADE

O projeto “Meu caminho na cidade”, por outro lado, pensa nos deslocamentos diários da casa para a escola, para o trabalho e para atividades cotidianas. Como as cidades são planejadas e pensadas do ponto de vista dos adultos, a proposta serve para estimular os estudantes a refletir criticamente sobre a mobilidade urbana de suas cidades, partindo de suas próprias experiências com diferentes meios de transporte.

“A ideia era abordar esse tema de maneira bem lúdica, com brincadeiras e jogos, tendo como centro as experiências pessoais das crianças”, relata Mariana. “Além disso, essa atividade foi pensada de maneira interdisciplinar, então a professora de matemática pode trabalhar conceitos de multiplicação e divisão, pensando em quantas pessoas cabem em cada meio de transporte, enquanto o professor de geografia explica sobre pensamento espacial, por exemplo.”

Para ela, pensar criticamente qual a forma da nossa cidade, qual o modelo de transporte e como isso impacta no nosso cotidiano e como a cidade se desenvolve é muito importante para que as próximas gerações já pensem sobre isso: “tudo isso tem a ver com exercer o direito à cidade.”

 

 

PATRIMÔNIO CULTURAL

Já a ideia de tratar sobre patrimônio cultural surgiu da vontade da Camila de trabalhar com cartões-postais. “Eu tenho uma coleção de cartões, e isso me levou a refletir sobre os locais históricos, as edificações emblemáticas e além do que o cartão mostra, o laço afetivo que é criado”. Para ela, os momentos que mais marcaram o aprendizado durante a escola foram as saída a campo para conhecer lugares diferentes. “Eu lembro de viagens que fiz e contações de histórias, que faziam a gente aprender sobre o patrimônio histórico. Isso reverbera na formação da pessoa”, conta.

Por isso, essa proposta tem o objetivo de incentivar os estudantes a refletirem sobre a importância de edificações e locais históricos para a preservação da identidade e da memória de um povo. “A sequência tem o potencial de estabelecer relações entre o passado, o presente e o futuro, além de reforçar os laços que unem as e os estudantes à cultura do local em que vivem, reconhecendo a contribuição de diferentes povos para a formação da identidade brasileira”, explica.

 

 

Ação de profissional de Arquitetura e Urbanismo na escola

A CIDADE É NOSSA

Esse último projeto surgiu da ideia de Camila de que o ensino deve extrapolar os muros da escola e que, através da exploração da cidade, seja formada a cidadania dos estudantes. “Já existem algumas atividades nesse sentido, mas pensar em conjunto com profissionais da área pode enriquecer esses debates e também introduzir esse pensamento do espaço urbano e da arquitetura”, explica. 

A sequência de atividades propõe uma imersão dos estudantes na lógica de um projeto participativo de intervenção urbana no espaço público. “A ideia fundamental é estimular a apropriação do espaço público e o sentimento de pertencimento, porque quando a gente cria relações afetivas a gente cuida”, destaca Camila.

 

Valorização Profissional

Para Mariana, esse tipo de proposta ajuda na valorização da Arquitetura e Urbanismo, pois quanto mais cedo as pessoas se apropriarem sobre o que são esses conceitos, mais valorizada estará a profissão. “Pensar sobre como um espaço bem projetado pode influenciar nossa vida ajuda a entender que arquitetura não é um luxo inacessível, e acho que as ações do CAU ajudam a fortalecer isso também”, comenta.

Além da valorização profissional dos profissionais de Arquitetura e Urbanismo pelas crianças, as arquitetas e urbanistas também destacam a importância desse tipo de concurso promovido pelo CAU.

“Eu gostei muito de contribuir com os meus conhecimentos para criar uma proposta que fosse interessante pras crianças, com atividades prazerosas mas que trazem conteúdos que são importantes para a formação. A longo prazo isso forma pessoas atentas ao ambiente urbano e à arquitetura”, ressalta Camila.

“O concurso é muito relevante por valorizar a profissão e também a educação. Isso me fez buscar contato com profissionais de outras áreas e ler sobre temas como pedagogia e educação, que eu não costumo ler. Também me fez elaborar uma proposta pra transmitir um conhecimento em uma linguagem para outro público, e eu acho isso muito relevante”, enfatiza Mariana.

 

Conheça todos os projetos vencedores!

 

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