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Pequenos gestos, grandes transformações: arte e cultura para mudar a cidade

Arte e cultura para criar experiências mais ricas de contato com a cidade. Criatividade para despertar o olhar mais atento e curioso por regiões que tenham ou não um uso turístico. Foi a partir desses pilares que o Coletivo Temporário Turismo e Urbanidades surgiu, promovendo ações de intervenção em espaços públicos, para estimular o convívio das pessoas e o uso desses locais. O grupo, composto por alunos e professora de uma turma de Turismo do IPA – Rede Metodista de Ensino, promoveu cinco intervenções em Porto Alegre neste ano, todas gratuitas e realizadas em espaços públicos.

Conforme a professora que orientou as ações, Fernanda Costa da Silva, a iniciativa de transformar a disciplina teórica de Tópicos Especiais em Turismo e Hotelaria – na qual foi desenvolvido o projeto – em teórico-prática surgiu da observação de um discurso recorrente entre os alunos. Fernanda notou que havia uma opinião geral de que a postura do poder público em relação aos espaços coletivos seria nula, equivocada ou insuficiente. “A partir de então, passou-se a trabalhar a teoria do ponto de vista da formação cidadã dos educandos, colocando-os como co-responsáveis pelo espaço público e, portanto, dotados de capacidade de co-criação desses espaços. Em suma, enquanto agentes transformadores, a disciplina afirma que os futuros profissionais devem se colocar como agentes viabilizadores de acesso a manifestações diversas do meio urbano”, explicou.

A primeira ação do ano aconteceu entre os dias 2 e 9 de setembro. Tratou-se de uma intervenção de estímulo à leitura e interação com pontos turísticos da cidade. Durante a semana, os alunos espalharam pela cidade livros embalados junto com mensagens em cartões-postais, orientando a continuidade da ação, para que cada um pudesse redistribuir as obras em outros pontos da capital após a leitura.

A segunda intervenção, de 11 a 21 de outubro, consistiu em espalhar cartazes pela cidade com os dizeres “Procurado”, chamando atenção para algum ponto turístico. O objetivo do grupo foi fazer com que mais pessoas visitassem os parques, praças e prédios históricos de Porto Alegre, e promover um passeio turístico, já que muitos cartazes levavam a pontos onde estavam fixadas novas indicações, formando um pequeno roteiro.

No final de outubro, o palco das ações do Coletivo foi a escadaria da Rua General João Manoel, no centro de Porto Alegre. A iniciativa reuniu duas propostas: a troca de mensagens e desenhos por mudinhas de plantas, buscando a integração dos moradores e visitantes do entorno, e a parceria com o projeto Livros na Rua, com doações e trocas de obras. Além disso, o evento contou com a participação da Associação das Hortas Coletivas, que ministrou uma Oficina de Espiral de Ervas ao público.

A última atividade do ano aconteceu no dia 15 de novembro, durante a Feira do Livro de Porto Alegre. Na ocasião, quem passeava pela Feira foi convidado a deixar dicas culturais, de lazer e turismo na cidade anotadas em papeis coloridos, e pôde escolher um livro para pegar gratuitamente. Os livros não doados durante a ação foram destinados ao Banco de Livros de Porto Alegre.

Para a professora Fernanda Costa da Silva, em função de as ações serem pontuais (a cada semestre, há projetos diferentes, em lugares variados), o maior retorno que a disciplina leva à sociedade é na formação dos alunos, que mudam seus discursos e posturas ao perceber o poder que têm para transformar os espaços públicos. “A partir das atividades promovidas, eles percebem como podem viabilizar acesso irrestrito a atividades turísticas de maneira democrática e construir espaços socialmente mais justos com pequenas ações”, ressalta. Além disso, os projetos têm consequências no entorno dos locais onde acontecem, como aponta Fernanda. “Já conseguimos, através de uma ação, fazer com que vizinhos de porta se conhecessem, sendo que ambos moravam há décadas na vizinhança e nunca haviam estabelecido nenhum tipo de laço”.

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