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Arquiteto: profissão de futuro

Por Alberto Cabral, arquiteto e urbanista

Conselheiro do CAU/RS

Historicamente, nossa profissão desenvolve-se de maneira muito interessante. Desde as mais antigas épocas, os arquitetos foram necessários para orientar formas e técnicas de construir. Claro que, em boa parte das vezes, se tratavam de obras especiais, imponentes, representativas e sempre importantes. Os locais de habitação individuais ou coletivas, por sua vez, eram produzidos pelos próprios usuários. E cada cultura soube desenvolver suas casas de maneira a resolver problemas básicos de conforto, ventilação, iluminação e distribuição interna. Aliás, diga-se de passagem, uma grande parcela das habitações no mundo ainda hoje é planejada e executada por técnicos não arquitetos.

Nossa profissão era requerida exclusivamente para pensar a obra enquanto projeto e executá-la posteriormente, tornando o arquiteto responsável por todo o conjunto. Vale lembrar que em muitos países até hoje ainda se processa este rito: projeto e direção de obra. No Brasil, esta cultura não foi seguida: nossos arquitetos de oficio, salvo raras exceções, ficaram restritos a projetos.

Entretanto, a profissão se consolidou através de um sem número de atividades em que o arquiteto se mostrou muito hábil: trabalhos de design, desenho gráfico, propaganda, gestão de construtoras e escritórios de arquitetura, gerenciamento de projetos e obras e mais um tanto de atividades em que a qualidade de avaliar formas e funções precisa ser bem desenvolvida.

Podemos notar, pela própria distribuição de trabalho dos arquitetos, que praticamente 50% não se dedicam a arte de projetar. São profissionais que trabalham na área pública, em escolas de arquitetura ou em empresas privadas. E este panorama já nos remete a uma visão de como nossa profissão se comportará no futuro: começamos nos dedicando exclusivamente ao prédio e hoje temos um mercado muito amplo de atividades correlatas.

O conceito tradicional de arquiteto, produzindo a habitação unifamiliar, nunca se extinguirá. O “homem” continua o mesmo (e ele gosta de ter um abrigo individualizado). Os grandes projetos, entretanto, devido a complexidades tecnológicas, necessitarão da intervenção de um grande número de arquitetos e outros técnicos. Bem mais do que hoje é necessário. O desenvolvimento das soluções tecnológicas exigirá profissionais para operá-las. Daí um mercado que certamente deverá ser ocupado por mentes criativas com uma excelente visão espacial. E formal. A tecnologia é tão ampla que somente grandes equipes conseguem dominá-la.

Isto deverá se ampliar mais ainda, fazendo com que mais e mais arquitetos sejam necessários. Já podemos observar esta tendência nos enormes escritórios de arquitetura espalhados pelo mundo que fazem grandes projetos utilizando centenas de profissionais. Entretanto, para que estes novos profissionais consigam exercer esta futura profissão, precisamos aparelhar nossas escolas para preparar os futuros arquitetos de maneira adequada. Tudo muda e, enquanto arquitetos, devemos estar à frente.

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