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Mulheres e Arquiteturas: o futuro da profissão é feminino

Dados indicam que, num futuro breve, mulheres serão 80% entre os profissionais de Arquitetura e Urbanismo.

O debate sobre gênero da Arquitetura e Urbanismo já é realidade na academia, no mercado de trabalho, em organizações e coletivos independentes. Em 2019, órgãos como o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) começaram a promover discussões dentro do seu âmbito de atuação e a iniciativa resultou na criação de grupos de trabalho pelo país, como é o caso das Comissões Temporárias para a Equidade de Gênero do CAU/BR, do CAU/RJ e do CAU/RS, da Comissão Voluntária das Mulheres do CAU/PR, da Câmara Temática Mulheres na Arquitetura do CAU/SC e do projeto CAU + Mulheres, também do CAU/RJ. Além disso, foi formado o Grupo de Trabalho de Mulheres dentro do Fórum dos Presidentes, espaço que reúne presidentes do CAU de todos os estados.

Gênero em pauta

Mulheres e Arquiteturas

Foto: Sérgio Torres

O tema foi debatido no 21º Congresso Brasileiro de Arquitetos (CBA), realizado em outubro de 2019 em Porto Alegre (RS). Pelo menos três mesas trataram do tema sob diferentes perspectivas. Na Sessão Temática “Mulheres e Arquiteturas” mediada por Paula Motta (coletivo Turba), participaram as arquitetas e urbanistas Luiza Dias (Arquitetas Invisíveis), Helena Lana (Arquitetas Sem Fronteiras) e Gabriela Matos (Arquitetas Negras), que destacou a importância do mapeamento de arquitetas negras no Brasil feito pelo coletivo.

“Nós somos um só mundo quando entendemos e respeitamos todos os mundos, suas diferenças e seus lugares de fala. Espero, num futuro breve, não ter que fazer essa distinção, mas enquanto isso não acontece a gente segue mostrando essas diferenças”, destacou a arquiteta.

Cidades e Direitos Humanos

Foto: Udo Bukiewicz

Gabriela também participou da Sessão Livre sobre cidades e Direitos Humanos, que reuniu, além das Arquitetas Negras, Paula Santoro e Tainá de Paula, com mediação de Eleonora Mascia.

Paula falou sobre o trabalho de pesquisa no Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (LabCidade) da Universidade de São Paulo (USP) e a necessidade de uma nova leitura urbana das cidades. “Menos da metade das famílias brasileiras são as ditas ‘tradicionais’. A estrutura familiar que mais cresce é a monoparental, chefiada por mulheres. Os homens, na maioria dos casos, recasam. Precisamos falar sobre gênero na cidade porque ela é vivida de maneira diferente por esses grupos sociais. São vivências diferentes e o território não faz essa divisão”, frisou.

Tainá é Coordenadora Regional do Projeto Brasil Cidades (BrCidades) e integrante da Comissão para a Equidade de Gênero do CAU/RJ. Em sua fala, questionou o modelo econômico brasileiro na perspectiva de gênero e raça. “O chicote histórico vai mudando de lugar. O Brasil criou a categoria do ‘ser’ e do ‘não ser’, aqueles que não tem terra, não tem nada”, citando exemplos como as Leis de Terras (1850), do Ventre Livre (1871), Áurea (1888), dos Vadios e Capoeiras (1890). “Precisamos falar de terra urbana, controle de aluguel, dimensão étnica e racial, porque dinheiro e terra tem cor nesse país”, completou.

Experiências práticas

Foto: Cíntia Rodrigues

Na Sessão Temática “Atuação Profissional na Perspectiva de Gênero”, mediada por Daniela Sarmento (presidente do CAU/SC), Luiza Dias destacou a invisibilidade da mulher e o trabalho feito com o coletivo Arquitetas Invisíveis, que provoca questionar os referenciais da profissão. “Quando a gente só tem referencial masculino, a gente só está vendo um lado da arquitetura”, afirmou.

Bia Kern, fundadora da ONG Mulher em Construção, participou do debate e compartilhou sua experiência na formação de mão de obra feminina para a construção civil. “Ninguém acreditava na gente. Hoje temos embaixadoras em diversos países e estamos aí há dez anos. Uma mulher puxa a outra e assim nós mudamos a sociedade”, disse.

A mediadora contribuiu com o tema e trouxe dados relacionados ao CAU: no futuro, mulheres serão 80% entre arquitetos e urbanistas. “Precisamos buscar a equidade, sair da invisibilidade e enfrentar essa realidade de uma maneira saudável. Uma cidade estruturada para mulheres é uma cidade estruturada para todos”, finalizou.

Ciclo de Debates em Porto Alegre

No dia 30 de janeiro, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU/RS) promove a etapa gaúcha do Ciclo de Debates – Cidades Inclusivas para as Mulheres, que integra a agenda de discussões para a formulação de políticas para a equidade de gênero na profissão, pensando também a construção do espaço urbano. O evento já ocorreu nos estados de Santa Catarina, Bahia e Paraná.

6 respostas

    1. Oi, Jane! O CBA é promovido pelo IAB. Em 2019, foi o IAB do Rio Grande do Sul que co-promoveu o evento com o CAU/RS. O Ciclo de Debates de São Paulo, por sua vez, será realizado pelo CAU/SP. Orientamos acompanhar as redes do Conselho paulista! Obrigada pelo contato.

  1. Como faço para me inscrever no evento do dia 30.de Janeiro no Rio Grande do Sul? Luzineide Brandão Ramos/ Diretora do Sindicato dos Arquitetos no Estado de São/SASP

    1. Oi, Luzineine! O evento será aberto ao público, com inscrições na hora. Mais informações, em breve, nas redes do CAU/RS.

    1. Oi, Ana Maria! O CAU/RS não promove cursos diretamente. Você pode entrar em contato com a Escola IAB RS, por exemplo, para conhecer os cursos oferecidos: cursos@iabrs.org.br ou (51) 98318-0738.

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