Sem categoria

Edifício Guaspari: história preservada

Fechado há aproximadamente três décadas, o Edifício Guaspari vai ser totalmente revitalizado, devolvendo à cidade, e aos gaúchos, um antigo ponto tradicional do varejo no centro de Porto Alegre. O prédio de 1936, localizado na avenida Borges de Medeiros, foi tombado como Patrimônio Histórico Cultural em 2008. A previsão é que a reforma seja finalizada no mês de julho deste ano.

O projeto de revitalização será liderado pelo arquiteto e urbanista Evandro Eifler Jr. A ideia é reviver um ícone da paisagem local e se integrar perfeitamente ao Centro Histórico de Porto Alegre. “O prédio Guaspari tem ‘imageabilidade’, característica que um objeto tem de conferir uma alta probabilidade de evocação de uma imagem forte em qualquer observador. É aquela forma, cor ou disposição que facilita a criação de imagens mentais claramente identificadas, poderosamente estruturadas e extremamente úteis. Ele está localizado em três esquinas, cercado de prédios e equipamentos que contam a história da cidade”, comenta Eifler.

Ed. Guaspari atualmente. Foto: Divulgação

Revitalização nos centros urbanos

Para Evandro Eifler, a deterioração de áreas centrais e a recuperação de sua vitalidade por meio de projetos de revitalização urbana têm se tornado fatos frequentes em cidades de médio e grande porte em todo o mundo.

O arquiteto e urbanista comenta que, a partir do pós-guerra mundial, em 1945, os projetos de revitalização urbana se tornaram fundamentais para a manutenção dos grandes centros. Atualmente, quando se fala da cidade contemporânea, preocupa-se mais com requalificação, revalorização, reabilitação, reciclagem do que com funcionalidade, zoneamento e setorização.

Os fundamentos dos projetos de revitalização vão além da preservação da história de um lugar pela conservação de seus edifícios e conjuntos urbanos reconhecidos de importância histórica e cultural. Há requisitos importantes de sustentabilidade urbana que deve incentivar a preservação de terra não urbanizada no globo e, ainda, minimizar o consumo de recursos. “Nada é mais moderno do que preservar, requalificar e reinventar”, afirma.

Projeto de revitalização. Foto: Divulgação/Evandro Eifler Jr.

Um pouco de história

Os irmãos Guaspari eram todos alfaiates da região sul da Itália. Quem primeiro chegou em Porto Alegre foi o Umberto Guaspari, depois vieram Eduardo e Rafael, por volta de 1895. Logo, foi fundada a Rafael Guaspari e Irmãos Ltda. Alguns anos depois a loja Guaspari deu origem ao edifício que recebeu o seu nome, obra do arquiteto espanhol Fernando Corona.

O Edifício Guaspari atendia não só a alta sociedade, mas também a cidade toda. O clube de diretores lojistas, hoje Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), foi criado no 2º andar do prédio. Junto com o clube tinha o crediário, que iniciou com as campanhas dos diretores lojistas. No 5º andar funcionava a alfaiataria com confecção sob medida e ajustes de roupas prontas. No térreo aconteciam desfiles que aconteciam na frente dos elevadores, onde eram colocadas cortinas, como uma espécie de palco. O evento era só para mulheres. Homens, só os publicitários.

Foto: Divulgação/Evandro Eifler Jr.

O autor da obra

Fernando Corona nasceu no dia 26 de novembro de 1895 em Santander, na Espanha. Filho e neto de arquitetos, desde jovem se interessou pela escultura e pela arquitetura. Em março de 1912 veio para Porto Alegre. Nas primeiras décadas do século XX, Porto Alegre acolheu muitos profissionais de origem europeia, cuja grande maioria eram empregados pelas empresas de construção, onde os donos, de acordo com a legislação brasileira, assumiam a responsabilidade dos projetos, um exemplo é Corona.

Corona é autor de prédios importantes, como o Instituto de Educação General Flores da Cunha, Hospital São Francisco, Banco do Comércio (atual sede do Farol Santander), Casa Bica, Edifício Jaguaribe e Galeria Chaves. Projetou também os edifícios que abrigaram a Associação Comercial nos municípios de Pelotas, Rio Grande e São Gabriel.

Em 1938, o arquiteto começou a lecionar escultura e modelagem no Instituto de Belas Artes de Porto Alegre e na década seguinte ajudou a fundar a Faculdade de Arquitetura. Corona aposentou-se em 1965, quando completou 70 anos, e faleceu em Porto Alegre, em 1979, com 83 anos.

Foto: Divulgação/Evandro Eifler Jr.

 

  • Matéria atualizada em 18/02/2020.

4 respostas

  1. Espero que a revitalização não atinja somente o edifício. Os espaços urbanos devem ser devolvidos à população e garantido o seu uso com medidas de hurbanização confortável e atrativa fazendo com que os espaços sejam amplamente utilizados. Assim o Largo Glênio Perez e o entorno do edifício deveriam sofrer intervenções para tirar os carros e propiciar o uso intensivo dos pedestres. Bancos, arborização baixa, ajardinamentos…

  2. Sei que a matéria não é nova, mas acho que valeria fazer uma correção nela.
    Ficou parecendo que juntaram a vida e obra do Fernando Corona com a do Luís Fernando Corona. Por exemplo, Fernando Corona não fez o Palácio de Justiça e não era formado em arquitetura, tanto que não pode dar aula quando finalmente abriram o mesmo no estado.
    São pequenas coisas que influenciam muito ao jovem estudante que está tentando entender tudo isso, então realmente acho válida a correção.
    Principalmente por se tratar do site do conselho

    1. Olá, Sarah! De fato, obras de pai e filho se confundem em diversas pesquisas. Concluímos que ambos construíram uma significativa trajetória para a arquitetura do Rio Grande do Sul. Agradecemos pelo teu comentário e informamos que já realizamos as correções nas informações do texto.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

OUTRAS NOTÍCIAS

Semana da Habitação CAU Brasil: seminário online debate políticas urbanas e ATHIS

Nota de esclarecimento sobre o acidente em Capão da Canoa

FNA recebe indicações para Arquiteto e Urbanista do Ano e Prêmio FNA 2021

Pular para o conteúdo