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Arquitetura: transformação de realidades

Uma parcela considerável da população enfrenta necessidade por falta de um teto ou pela fraca infraestrutura de suas moradias. Na tentativa de melhorar a vida de cidadãos carentes – e também conscientizar sobre a importância da arquitetura e do urbanismo para a segurança e bem-estar -, algumas Organizações Não Governamentais (ONGs) assumem a tarefa de atender as comunidades Brasil afora. Conheça alguns exemplos.

Arquitetos Sem Fronteira

Fundada em 2003, a ONG é composta por profissionais e estudantes de diversas áreas do conhecimento, líderes comunitários e voluntários. Como o próprio nome sugere, o trabalho não se fixa em apenas um lugar; ele se desenvolve conforme a demanda, envolvendo atividades projetuais, jurídicas, consultorias, mobilizações em vilas, favelas, ocupações, quilombos. O grupo dialoga também com as universidades e movimentos sociais, tratando a arquitetura pelo viés político, social e econômico. Apesar da ideia de atender diversos lugares, atualmente, os trabalhos têm se concentrado na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.

Um dos projetos da ONG se chama PERIFEITURA: Arquitetura na Periferia. Iniciado em 2013 pela arquiteta e urbanista Carina Guedes, a iniciativa consiste em oferecer assessoria técnica a grupos de mulheres de baixíssima renda para a melhoria da moradia através da apresentação das práticas e técnicas de projeto e planejamento de obras, para que conduzam com autonomia e sem desperdícios as reformas de suas próprias casas.

TETO

A urgência das comunidades mais precárias do Chile, em 1997, inspirou um grupo de jovens a elaborar planos de desenvolvimento em conjunto com os moradores. O objetivo é alcançar soluções concretas dentro de um contexto de pobreza, o que é bem presente na América Latina. Esta iniciativa se converteu em um desafio institucional que hoje é compartilhado em todo o continente. Depois do Chile, El Salvador e Peru. E assim a TETO empreendeu uma expansão e, após 20 anos, mantém operação em 19 países da América Latina e Caribe, como Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.

A ONG está no Brasil há 10 anos trabalhando pela defesa dos direitos de pessoas que vivem nas favelas mais precárias e invisíveis, diminuindo sua vulnerabilidade por meio do engajamento comunitário e da mobilização de jovens voluntários. A TETO iniciou este ano com o plano de construir 51 casas emergenciais em São Paulo. A ação dá continuidade ao trabalho de protagonismo comunitário implementado em construções.

Habitat para a Humanidade Brasil

A ONG tem como causa a promoção da moradia como um direito humano fundamental. Sua meta é a eliminação de todas as formas de moradia inadequada. No Brasil, desde 1992, a Habitat já desenvolveu projetos em 12 estados e transformou a vida de mais de 60 mil pessoas. Ela faz parte da rede internacional fundada em 1976 e presente em 70 países. Mundialmente, já foram beneficiadas 9,8 milhões de pessoas.

A Habitat apoia o desenvolvimento de comunidades, através de ações de construção, reforma e melhoria de casas, além da regularização urbanística e fundiária de assentamentos. O objetivo é possibilitar um ambiente seguro e saudável para que famílias e comunidades, em situação de vulnerabilidade, consigam se desenvolver e superar a pobreza, construindo um futuro com mais oportunidades. A Habitat para a Humanidade atua tanto na provisão de novas unidades habitacionais como na adequação de moradias pré-existentes, com orientação direta às famílias, mas também junto aos movimentos organizados.

Um de seus principais projetos propõe a promoção de melhores condições de vida para mulheres do município de Feira Nova, em Pernambuco. Mulheres construindo casas e recriando vidas teve início em 2010, quando muitas mulheres, em sua maioria chefes de família, trabalhavam em condições precárias, em ambientes insalubres, com jornadas de mais de 12 horas por dia e remuneração de aproximadamente R$ 240 por mês. E o fato de não terem moradia própria fazia com que boa parte desse valor fosse comprometido com o pagamento de aluguel.

O projeto contou com diversas parcerias e grupos de voluntários nacionais e internacionais que ajudaram a construir casas para a comunidade. As próprias mulheres participaram do processo construtivo, apoiando na construção de suas casas e de suas vizinhas. Também contou com oficinas de educação financeira, para ajudar as famílias a organizarem o orçamento familiar, e oficinas de trabalho e renda para dar às mulheres as ferramentas necessárias para desenvolver outros trabalhos e melhorar suas condições de vida.

Tais iniciativas contribuem ativamente para o desenvolvimento da sociedade, pois atendem comunidades que precisam de ajuda, pessoas que não são atendidas adequadamente pelo Estado e que possuem o Direito Habitacional. As ONGs possuem equipes e contam com voluntários para seus projetos, assim como doações espontâneas, além de inúmeros arquitetos urbanistas envolvidos. Para Mariana Estevão, diretora de Programas do Escritório de Inovações Urbanas da Habitat para a Humanidade Brasil, é uma experiência enriquecedora. “Há possibilidade de conhecer a questão habitacional em diferentes países, aprender com essas experiências e poder aplicar e desenvolver formas de melhorar as condições de moradia da população brasileira”.

Função social das ONGs

As ONGs têm o papel de identificar demandas da sociedade não atendidas pelo Estado e, a partir da militância e/ou de ações concretas, dar visibilidade ao problema social para descobrir meios de solucioná-los, contribuindo com a construção de políticas públicas. Outro papel importante exercido por essas ONGs é o de garantir o atendimento em locais onde o Estado não acessa. Nestes casos, a atuação pode ser em conjunto com o Estado e, assim, as ONGs passam a atuar como operadoras de Políticas Públicas. Os diferentes projetos são importantes para atender diferentes demandas.

As atuações se diferem em função do público alvo e pode ser na redução do déficit quantitativo, na produção de unidades novas e/ou na requalificação de imóveis ociosos com destinação ao uso como moradia para a população de baixa renda, pela redução do déficit qualitativo, promovendo a assistência técnica em projetos de urbanização e acesso à infraestrutura urbana e soluções individuais de saneamento básico e geração de energia em áreas rurais, regularização fundiária, melhorias habitacionais, ou ainda pela construção de abrigos emergenciais.

MAIS SOBRE: arquitetura social

5 respostas

  1. Para reflexão e debate:
    O que induz a ocupação informal é a falta de oferta.
    As pessoas pagam muito caro para sub morar, com menos custo poderiam habitar locais regulares.
    Se a comunidade profissional, principalmente a corporativa, debruçasse com sinceridade para a solução não teríamos tamanho déficit com tantos passivos ambientais e urbanísticos.
    Há mais profissionais para negar e inviabilizar do que dedicados à solução.
    Quem pensar o contrário nos ajudará a pensar melhor

  2. Pelo trabalho, gratificante poder contribuir na melhoria das condições de vida das pessoas que não tem acesso ao mínimo de dignidade.

  3. boa iniciativa, afinal os programas oficiais viraram objeto de palanque, vide o artigo/livro “Minha casa…e a cidade?” baixado por aqui, que desnuda a manipulaçao pela infame politica destes ultimos anos.

  4. Lindo projeto! Gostaria muito de participar como arquiteto e urbanista! Lindo esse projeto…

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