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Arquitetos e urbanistas prestam suas homenagens à história e memória de Briane Bicca

Foto: CP Memória

Desde o último sábado, arquitetos e urbanistas de todo o país prestam suas homenagens à Briane Bicca, que nos deixou prematuramente, aos 71 anos. Nascida Briane Elisabeth Panitz no ano de 1946 em Porto Alegre, logo adotou o sobrenome do marido – o também arquiteto e urbanista Paulo Bica – e fez história em defesa do patrimônio histórico e artístico brasileiro.

Em 1969, adquiriu o título de arquiteta e urbanista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e começou uma nobre e honrada trajetória profissional. Briane trabalhou no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como técnica de planejamento e preservação, de 1979 a 1992, e teve importante participação no processo de tombamento de Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1986. Ela também implantou e coordenou o Setor de Cultura da Unesco no Brasil, em Brasília, de 1992 a 2001. Depois voltou ao Iphan para coordenar o Projeto Monumenta, vinculado ao Ministério da Cultura. Atualmente coordenava o programa PAC Cidades Históricas em Porto Alegre, era conselheira federal suplente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/BR), eleita pelo CAU/RS para o triênio 2018-2020, e integrante do Conselho Superior do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB RS).

O conselheiro federal Ednezer Flores, que tinha Briane como sua suplente no cargo ocupado no CAU/BR, relembrou alguns momentos de aprendizado com a arquiteta e destacou como ela já é história e memória na arquitetura brasileira. “Nossa ida a Brasília, para posse no CAU/BR, em pleno trajeto do aeroporto ao hotel, aprendi um pouco mais, sobre seu trabalho naquele lugar, de uma passagem profissional sua com Lúcio Costa, nosso renomado urbanista, bem como sobre sua vida profissional na capital federal. Fatos que dariam bons livros de arquitetura. No café do hotel, entre risos e degustações, nossas histórias pessoais, evidenciando uma enorme admiração, respeito e carinho mútuo, em tão pouco tempo. Ficamos sem a presença física deste espírito de luz, mas com certeza fica sua força, juventude, exemplo e história, para que possamos aprender e evoluirmos como pessoas e como profissionais apaixonados pela nossa profissão”.

O escultor e conselheiro estadual Vinícius Vieira foi um dos primeiros a noticiar o falecimento da arquiteta e urbanista. “A ela, nossa gratidão. Aos familiares, nossos sentimentos. Como uma pessoa que tanto valorizou a memória em suas variadas dimensões, é nosso papel fazer com que a sua também permaneça sempre viva”. Vinícius também destacou a participação de Briane no CAU: “Ela era assim, sabia conciliar as atividades pessoais e familiares sem abrir mão das lutas coletivas”.

“A Briane sempre foi e seguirá sendo um exemplo, de profissionalismo, de conhecimento técnico, de capacidade de diálogo e de construção coletiva na área do patrimônio, indiscutivelmente uma das maiores especialistas do Brasil. Pessoalmente, lamento muito perder uma amiga, de família, e uma grande companheira de luta pela arquitetura e pela cultura nessa nossa realidade cada dia mais inculta e incivilizada. Minha solidariedade à toda família, em especial aos também arquitetos Paulo e Sofia. Briane vai fazer muita falta entre nós”, lamentou Tiago Holzmann da Silva, presidente CAU/RS.

Briane estava internada havia alguns meses e teve uma ruptura de aneurisma no último sábado (02/06). Foi velada e sepultada domingo, no Memorial Martim Lutero, em Porto Alegre.

Depoimentos

Em nota, o Iphan destacou a importância de Briane para o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional: “Devotou toda a sua vida profissional à preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro, com rara dedicação e competência. Referência nacional e internacional, o intenso trabalho de Briane a deixa, certa forma, presente entre nós”.

Para Renata Galbinski Horowitz, diretora o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual (Iphae), é um triste adeus. “Exemplo de mulher, profissional e ser humano. Referência por sua trajetória. O Rio Grande do Sul e o Brasil perdem a grande dama da preservação de seu patrimônio cultural”. Briane é indicada para o Prêmio Conselho Estadual de Cultura deste ano.

Vitor Ortiz, secretário de cultura de Porto Alegre, lembrou a atuação de Briane em projetos de restauração no Centro Histórico da capital, como a Praça da Alfândega e o Monumento a Júlio de Castilhos, localizado na Praça da Matriz: “Briane foi uma lutadora incansável na defesa, valorização e proteção do nosso patrimônio cultural, tornando-se uma referência inspiradora que deve ser sempre lembrada”.

Rodrigo Rollemberg, governador do Distrito Federal, declarou três dias de luto oficial em Brasília. Por meio de nota, ele destacou a importância da arquiteta para Brasília. “Briane teve importante contribuição no processo de tombamento da cidade e sua inscrição como Patrimônio Cultural da Humanidade. Foi integrante do grupo de trabalho que o subsidiou. Além disso chefiou a Unesco em Brasília e sempre esteve na luta pela preservação e compreensão de Brasília como Patrimônio Cultural”.

Entrevista

Em 2016, Briane concedeu entrevista para o programa Momento do Patrimônio, da Rádio Universidade, produzido pelo Setor do Patrimônio Histórico da UFRGS. Confira:

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