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A vez da arquitetura colaborativa

Pela primeira vez na história, o prêmio Pritzker, considerado o Oscar da arquitetura, foi concedido para três arquitetos e urbanistas. O trio espanhol, formado por Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramón Vilalta, do estúdio RCR Arquitectes, levou o prêmio e representa o momento atual: a colaboração gerou trabalhos que abarcam espaços públicos e privados, edifícios culturais e instituições educativas que conseguem se relacionar com o ambiente específico de cada lugar.

Rafael Aranda, Carme Pigem e Ramon Vilalta: RCR Arquitectes. Foto: Javier Lorenzo Domínguez

De acordo com o especialista em marcas, Arthur Bender, estamos definitivamente ingressando numa nova era onde o valor será gerado de forma colaborativa. Cada vez mais os profissionais estão trabalhando juntos, fisicamente e remotamente de muitos lugares diferentes do mundo. “Defendo a ideia de que num futuro próximo nada de genial vai ser feito no isolamento. Ou seja, cada vez mais, teremos menos espaço para o trabalho individual e muito mais a lógica do coletivo, do colaborativo e da co-criação presentes na geração de valor de organizações de todos os portes nos mais variados segmentos”, comenta Bender.

O trabalho coletivo gera benefícios, como visões de diversos ângulos e um trabalho mais rápido e eficiente, pois irão trabalhar juntos profissionais de múltiplas especialidades, com diferentes experiências numa relação rica de co-criação e colaboração que só se consegue com múltiplos olhares. Segundo Bender, um trabalho individual pode ser uma faca de dois gumes: os arquitetos, como boa parte dos profissionais liberais, muitas vezes pagam um preço alto pelo próprio sucesso e acabam limitados pela própria capacidade de crescimento. “O negócio acaba impondo seus limites de agenda e de possibilidades de crescimento. Muitas consultorias seguem a mesma lógica. O fundador acaba refém da sua própria capacidade de crescimento e amarrado à vontade de seus clientes de serem atendidos somente pelo próprio”, afirma.

Laboratório Barberi, escritório e espaço de criação da RCR Arquitectes em Olot, Girona, na Espanha. Foto: Hisao Suzuki

Já para Guilherme Sebastiany, estrategista de marcas com formação em arquitetura e urbanismo, o acontecimento é impactante, porém não é novidade. O especialista em branding comenta que grandes empresas de arquitetura levam o nome de um arquiteto, mas essas possuem uma ampla equipe por trás. Hoje isso está sendo mostrado mais. “Esse acontecimento marca o momento sim, está sendo mostrado o lado colaborativo, mas é válido ressaltar que esse caráter colaborativo sempre existiu”, afirma.

De acordo com Sebastiany, a figura do arquiteto, desde a renascença, é de criador e com isso surgiram as primeiras marcas pessoais. “O artista é uma imagem que a gente cria com sua autoria”, comenta. Porém, o arquiteto depende também de sua equipe. O grupo todo é muito mais importante que apenas um indivíduo. Já faz algum tempo que isso acontece no mercado. De acordo com o especialista, os escritórios estão focando na ideia do colaborativo para assim formarem suas marcas. O estrategista de marcas acredita que ainda vai existir (pelos próximos 20 anos) um grande espaço para os arquitetos com trabalho autoral individual, mas cada vez mais os novos arquitetos vão se posicionar diante do colaborativo, para criar novas marcas com um trabalho em conjunto.

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